A história da nogueira pecan em solo brasileiro inicia na segunda metade da década de 1860, com a chegada de imigrantes dos Estados Unidos que se fixaram no interior do estado de São Paulo. A produção, que inicialmente servia apenas para suprir a demanda dessas famílias, aumentou gradativamente e, com a virada do século, obteve destaque devido ao seu potencial comercial.
As primeiras áreas de produção em larga escala se estabeleceram a partir de 1915 na região sudeste, com sua intensificação ocorrendo apenas nas décadas de 1960 e 1970, através de apoio governamental para o reflorestamento de áreas desmatadas.
Um dos fatores positivos do cultivo de nogueiras pecan é sua adaptabilidade a uma série de consórcios, que vão desde a produção de grãos até a pecuária leiteira; isso sem contar a boa e crescente taxa de produção das amêndoas, que deve ser experimentada a partir do sexto ano após o plantio das mudas, mesmo em pequenas áreas. Vislumbra-se aí uma excelente possibilidade de complementação de renda para os pequenos produtores rurais.
Devido ao grande aumento em seu consumo na última década, o número de produtores de noz pecan no Brasil vem crescendo ano a ano, especialmente na região Sul do país, com destaque para o Rio Grande do Sul, que, de acordo com o IBGE, é responsável por aproximadamente 49% da produção nacional.
O maior atrativo para o consumidor final é o grande valor nutricional da amêndoa da noz pecan, rica em proteína, minerais e óleos. Capaz de suprir uma grande parte da demanda diária de proteína em uma dieta com restrição de carnes, seus benefícios em uma dieta regular são ainda maiores.
Alguns benefícios>/b>
O consumo regular de nozes tem sido amplamente incentivado por médicos e nutricionistas, por ser visto como um importante aliado na prevenção de inúmeras doenças (EAGAPNAN; SASIKUMAR, 2014). Devido aos efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes, hipocolesterolêmicos e cardioprotetivos proporcionados, o espectro de atuação dos nutrientes presentes da noz pecan se estende desde doenças cardíacas até cânceres, passando também pela diabetes.
Um dos grandes problemas relacionados ao nosso modo de vida, que envolve dietas pouco ricas em nutrientes e gorduras mono e poli insaturadas, é a oxidação indesejada dos lipídios sanguíneos, que pode desestabilizar nossos níveis de colesterol, ocasionando sérios problemas circulatórios. Porém, de acordo com Morgan et al (2006), o consumo diário de noz pecan pode ajudar a inibir este processo, diminuindo a taxa de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, encontradas no plasma sanguíneo de adultos.
O que a noz pecan tem?
Em geral, nozes são bastante nutritivas. A noz pecan, por sua vez, recebe destaque se comparada às mais populares no mercado nacional. Na tabela abaixo, que serve como uma pequena amostragem na diversidade e riqueza nutricional deste tipo de alimento, há um comparativo de porções de 28 gramas, de acordo com padrões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Fonte: California Almonds – Nutrient Comparison Chart for the Tree Nuts. Os números em vermelho indicam os maiores valores.
Apesar de um volume bastante grande de gorduras totais, a noz pecan é composta quase em sua totalidade por gorduras mono e poli insaturadas, havendo pouca presença de gorduras saturadas (pouco menos de 2 gramas), ao contrário, por exemplo, da castanha do Pará, em cuja composição estão presentes mais de 4 gramas. E embora não sejam citados na tabela, a noz pecan serve de fonte farta para vários outros nutrientes, como magnésio, ferro, cálcio, cobre, potássio, proteína, fibras, vitamina B6 e folato.
Quanto consumir?
Estudos apontam números diferentes de consumo de acordo com situações específicas. Morgan e Clayshulte (2000), por exemplo, observaram uma redução de até 6% no LDL, o mau colesterol, em um grupo de 19 adultos saudáveis que, ao longo de oito semanas, ingeriram diariamente 68 gramas de noz pecan. Em outra pesquisa, conduzida por Bruce et al (2000), um grupo de 12 mulheres hiperlipidêmicas passaram por um processo de dois períodos de quatro semanas onde, no primeiro, foram submetidas a uma dieta de alimentos refinados, e, no segundo, consumiram diariamente duas colheres de sopa de noz pecan, amêndoas ou avelãs. O resultado foi uma redução 13% maior no colesterol total e 16% no LDL com a dieta à base de nozes.
Apesar de não existir um consenso sobre a quantidade ideal, fala-se sobre um mínimo de três nozes diariamente. Os valores variam de acordo com necessidades particulares em casos de deficiências nutricionais. O USFDA (Food and Drug Administration) do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do Governo dos Estados Unidos, recomenda o consumo diário de 43,5 gramas de noz pecan.
Onde encontrar Pecan
O preço e forma de embalagem pecan sem casca se assemelha às demais frutas secas como amêndoas e castanhas, e são encontradas em lojas de produtos naturais e em supermercados nas seções próprias desses produtos.
O grande espectro nutricional presente em uma pequena quantidade de pecan faz com que seu consumo diário seja baixo comparados com outros alimentos menos nutritivos, proporcionando a sensação de bem estar e saciedade, trazendo leveza ao nosso organismo.
Além disso, com um consumo mínimo indicado tão baixo quanto o de três unidades diárias, um quilo de noz pecan, se bem conservada em local adequado, pode durar meses. E com certeza prevenir sempre é mais barato do que remediar.
Bibliografia
DEPARTMENT OF AGRICULTURE, Agricultural Research Service. 2010. USDA National Nutrient Database for Standard Reference, Release 23. Disponível em . Acesso em 21 de set. 2017.
EAGAPAN, K.; SASIKUMAR, S. Therapeutic effects of nuts in various diseases. International Journal of Recent Scientific Research, v. 5, n. 1, p. 190-197, 2014.
MORGAN, W.A.; CLAYSHULTE, B.J. Pecans Lower Low Density Lipoprotein Cholesterol in People with Normal Lipid Levels. Journals of the American Dietetic Association, v. 100, n. 3, p. 312-318, 2000.
*Acadêmico de Comunicação Social/UFSM, e Editor de Conteúdo do portal de saúde Medictando.com.
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